Desde que adentrou no segmento de utilitários esportivos, a JAC sempre pecou por não oferecer câmbio automático em nenhum de seus modelos – algo essencial em automóveis desse gênero. Atendendo a pedidos, a marca chinesa tratou de igualar seu produto aos representantes no segmento e lançou o T5 CVT. O modelo utiliza uma transmissão continuamente variável acoplada ao motor 1.5 de 127 cv, que permanece inalterado. O automóvel chega às concessionárias da marca por R$ 69.990, o mesmo valor cobrado pela versão manual. A estratégia agressiva de preço busca transformar o veículo na melhor opção com foco no custo/benefício do segmento. Sérgio Habib, responsável pela marca no país, aposta no T5 CVT como principal modelo da JAC no mercado, com estimativa de 300 unidades vendidas por mês.
A demora de oito meses em relação ao modelo manual foi resultado da dificuldade encontrada pela marca em adaptar o motor bicombustível ao câmbio CVT. De acordo com a JAC, foram mais de 600 mil km rodados em testes para que o trabalho fosse concluído. Fabricado pela belga Punch, o câmbio é capaz de simular seis marchas virtuais e até oferece possibilidade de trocas manuais através da alavanca no console central.
Com o CVT, o T5 permanece praticamente o mesmo. O motor é o 1.5 16V de 127 cv e 15,7 kgfm de torque. Esteticamente a única diferença fica por conta o símbolo CVT que acompanha o nome de veículo na tampa traseira. No interior, tudo continua igual, com exceção da alavanca no console e dos botões do lado esquerdo do volante, que agora abrigam os comandos do controle de velocidade, que auxilia em viagens mais longas e ajuda a tornar o consumo de combustível mais eficiente.
O grande trunfo do T5 é ser completo e custar bem menos que seus concorrentes com equipamentos similares. A marca chinesa elege o Honda HR-V EXL, o Jeep Renegade Longitude, o Ford Ecosport SE, o Renault Duster Dynamique e o Nissan Kicks SL como seus principais adversários. Em relação ao modelo da Nissan, por exemplo, o JAC T5 CVT custa R$ 20 mil a menos e tem equipamentos semelhantes.
No mercado chinês, o T5 é o SUV compacto mais vendido. Um dos motivos que ajudam a explicar o sucesso é a extensa lista de equipamentos de série. Há ar-condicionado digital, vidros elétricos nas quatro portas, trava central e retrovisores elétricos, alarme antifurto, controle de velocidade de cruzeiro, sistema de monitoramento de pressão dos pneus, sistema Isofix, sensor de estacionamento traseiro, câmara de ré, abertura interna do porta-malas e do tanque de combustível, computador de bordo, faróis com regulagem elétrica de altura e acendimento automático, banco traseiro bipartido 60/40, banco do motorista com ajuste de altura, rodas de liga leve aro 16, faróis de neblina dianteiros e traseiros, rack no teto, assistente de partidas em rampas, controle eletrônico de estabilidade, bancos revestidos em couro, kit multimídia com mirror link e tela de 8 polegadas. O T5 CVT não oferece nenhum opcional.
Ponto a ponto
Desempenho – Em geral, os carros equipados com câmbio CVT apresentam desempenho pouco instigante. O motor 1.5 do T5 não esbanja potência – são 127 cv, quando abastecido com etanol. No entanto, empurra os 1.210 kg do T5 com a força necessária. O torque máximo de e 15,7 kgfm atinge seu ápice aos 4 mil rpm. Em trânsito urbano, o modelo se sai bem. O problema fica na hora de pegar a estrada, onde o trem de força transmite a sensação se esforçar bastante para embalar o veículo, principalmente em situações de ultrapassagem. Nota 6.
Estabilidade – A suspensão do tipo McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira são bem adaptadas aos desníveis das ruas brasileiras. O carro apoia bem em curvas e transmite segurança na condução. O controle eletrônico de estabilidade ajuda nisso. Há um pouco de rolagem da carroceria, nada que comprometa a dirigibilidade. A leveza da direção em alta velocidade transmite um pouco de insegurança em movimentos mais agudos. Nota 7.
Interatividade – Os comandos ficam localizados em locais de fácil acesso e a central multimídia tem tela sensível ao toque. O painel de instrumentos e o display central têm belo design e layout de cores. O volante possui comandos de som, para atender a chamadas de celular e para o controle de velocidade. A dificuldade em mudar as opções do computador de bordo persiste. Nota 7.
Consumo – O InMetro ainda não avaliou a versão CVT do T5. A versão manual obteve 6,8/8,2 km/l de etanol e 10/12 km/l de gasolina na cidade/estrada, com consumo energético de 2,06 MJ/km. A versão CVT deve um pouco mais econômica. Nota 8.
Conforto – O espaço interno é compatível com os concorrentes do segmento. Quatro pessoas viajam sem grandes problemas, mas o quinto passageiro pode prejudicar um pouco o conforto. Os bancos têm boa densidade. A suspensão absorve grande parte dos impactos, mas como é comum em carros desse porte, há um pouco de balanço em áreas mais acidentadas. Nota 7.
Tecnologia – O kit multimídia do T5 chama atenção. A tela é de oito polegadas, com opção de espelhamento da tela do smartphone. O sistema incorpora também câmara de ré, conexão HDMI e Bluetooth, leitor de MP3, entradas USB e SD Card. O ar-condicionado é digital. Nota 8.
Habitabilidade – Há diversos porta-trecos para guardar celular, chave, carteira e outros objetos. O acesso aos bancos dianteiros e traseiros é tranquilo, graças ao bom ângulo de abertura das portas. O porta-malas de 600 litros divulgado pela fabricante não parece tão grande assim na prática. Nota 7.
Acabamento – A evolução do acabamento em carros chineses é notável. No entanto, apesar de ter revestimento em couro nos bancos e portas, o T5 peca por não oferecer nenhum revestimento macio ao toque. No entanto, os encaixes são bons e não há rebarbas. Os apliques prateados aumentam a sensação de cuidado da fabricante na hora de projetar o interior. Nota 7.
Design – O estilo ressalta a robustez. Na frente, a grade cromada em forma de trapézio é formada por grossas travessas. As luzes diurnas de leds ressaltam os faróis trapezoidais e agregam algum requinte estético. No entanto, falta um pouco de personalidade. Fica evidente a inspiração nas gerações antigas dos SUVs da Hyundai. Nota 6.
Custo/benefício – O JAC T5 CVT custa R$ 69.990, preço promocional de lançamento da versão com câmbio automático. Completo e sem opcionais, o modelo custa o mesmo que as versões mais básicas de seus concorrentes principais. Tem garantia de 6 anos e a marca oferece plano de revisões a preço fixo. Pesa contra a crise que JAC atravessa, com o fechamento de algumas concessionárias. Algo que pode dificultar em caso de necessidade de peças. Nota 8.
Total – O JAC T5 somou 71 pontos em 100 possíveis.
Primeiras impressões
Novo patamar
São Paulo/SP – É verdade que o câmbio continuamente variável leva o T5 a um degrau mais elevado no segmento de SUVs compactos. Esse tipo de transmissão torna a condução muito mais confortável para o dia a dia e caiu como uma luva no utilitário da JAC. O percurso escolhido durante o lançamento atravessou parte da cidade de São Paulo com destino a Campinas. No trânsito, o modelo mostra agilidade e impressiona pelo silêncio a bordo. Apesar de ser necessária adaptação com o pedal do acelerador, que precisa ser mais pressionado do que o habitual, o T5 se comporta bem. Não há trancos e a ligação entre motor e câmbio é boa.
Ao pegar a estrada, a situação muda um pouco de figura. A curta relação final do câmbio deixa o T5 CVT áspero em velocidades mais altas. Ao pressionar o pedal da direita até o final em busca de desempenho, veículo chega às 6 mil rotações para render o máximo de potência e ruído invade a cabine sem pedir licença. A impressão é que falta torque nessas situações. Apesar o barulho, o carro desenvolve velocidade, mas transmite a sensação de se esforça bastante para tal tarefa. Em velocidade constante e com o controle de velocidade ligado, o T5 se comporta bem.
Ao volante, o T5 transmite a segurança. Os freios – discos ventilados na frente e sólidos atrás – possuem ótima modulação e dão conta de parar o carro. O ponto negativo fica para a falta de progressividade da direção elétrica em velocidades mais altas. Seria ideal um enrijecimento maior, de acordo com a velocidade. No geral, a impressão é que o SUV pode ser uma boa alternativa para o consumidor brasileiro.
Ficha técnica
JAC T5 CVT
Motor | A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.499 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando variável de válvulas na admissão. Injeção multiponto sequencial |
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Potência máxima | 125 cv e 127 cv a 6 mil rpm com gasolina e etanol |
Diâmetro e curso | 75 mm X 84,8 mm |
Taxa de compressão | 10,0:1 |
Aceleração 0-100 km/h | 10,8 segundos |
Velocidade máxima | 194 km/h |
Torque máximo | 15,5 kgfm e 15,7 kgfm a 4 mil rpm com gasolina e etanol |
Suspensão | Dianteira independente, do tipo McPherson, com molas helicoidais e barra estabilizadora. Traseira semi-independente, eixo de torção, com molas helicoidais e barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade |
Pneus | 205/55 R16 |
Freios | Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS e EBD |
Carroceria | Utilitário em monobloco com quatro portas e cinco lugares. 4,32 metros de comprimento, 1,76 m de largura, 1,62 m de altura e 2,56 m de distância entre-eixos. Oferece airbag duplo de série |
Peso | 1.220 kg |
Capacidade do porta-malas | 600 litros |
Tanque de combustível | 45 litros |
Produção | Hefei, China |
Lançamento no Brasil | 2016 |
Itens de série | Ar-condicionado digital e automático, vidros elétricos das quatro portas, controle de velocidade, trava central e retrovisores elétricos, alarme antifurto, sistema de monitoramento de pressão dos pneus, sistema Isofix, sensores de estacionamento, abertura interna do porta-malas e do tanque de combustível, computador de bordo, faróis com regulagem elétrica de altura e acendimento automático, banco traseiro bipartido 60/40 e banco do motorista com ajuste de altura, rodas de liga leve aro 16, faróis de neblina dianteiros e traseiros, rack no teto, assistente de partidas em rampas e controle eletrônico de estabilidade, bancos revestidos em couro, kit multimídia com mirror link e tela de 8 polegadas e câmara de ré. |
Preço | R$ 69.990 |
Autor: Fabio Perrotta Junior (Auto Press)
Fotos: Fabio Perrotta Junior/CZN e Divulgação